Pela voz do criador

Prof Pardal

O primeiro raide TT que fiz de Moto foi uma Ronda dos Castelos na Figueira da Foz em 1987. Foi uma m*rda relativamente a cumprir percurso porque me deram um road-book, coisa de que nunca tinha ouvido falar. Eu sempre tinha sido do alcatrão e da pista e Lá prendi o caderno A5 ao travessão do guiador de cross com uma mola que fui comprar a uma papelaria, como vi fazer aos outros.
No percurso nocturno como não via nada limitei-me a seguir um gajo que tinha uma lanterna colada ao espelho a apontar para os papéis.
No dia seguinte, lá fui seguindo o caderno de itinerário como se diz em português. Ia rasgando e deitando fora as fohas à medida que mudava de página (o papel é biodegradável), mas foi uma gaita quando me perdi e não tinha "itinerário" para retomar o fio à meada.
Depois acertei numa pedra num riacho, caí, e os papéis passaram a pasta. No regresso a casa já vinha a esquematizar uma "coisa" tipo cassete para me ajudar na tarefa de ir passando as páginas e ter luz para de noite, que naquilo dos Raides não dava para levar copiloto como nos Rallies.
Construí o primeiro leitor de road-book, e os Amigos começaram a pedir-me para também fazer para eles. Em 1992 fiz a versão definitiva que ainda em 2009, quando deixei de os fazer, se mantinha. Mais alta que a original 10mm para caberem 100 páginas e sem interruptor para a luz porque com a vibração o interruptor avariava.
Lembro-me de 1 ano depois de ter "inventado" o meu, o Abel da Horizmoto aqui no Porto me ter dito que a Acerbis também já fazia "zingarelhos" como os meus e mostrou-me um.
Achei-os foleiros, estilo tupperware, sem luz, e com os veios solidários, presos um ao outro por o'Rings grandes. Como é que pode, se os diâmetros do rolo de papel vão variando o que também varia a velocidade angular? Para enfolar o papel, ou então para o rasgar?
Fiquei com curiosidade de saber quem o inventou primeiro.
O Paulo Marques que vendeu muitos dos feitos por mim chegou a pedir-me um eléctrico para o primeiro Dakar que fez, mas disse-lhe não lho fazia. Peça feita por mim é para meter e esquecer e eu não tinha condições para descobrir um motor eléctrico fiável que não se lembrasse de deixar de funcionar no meio do deserto. Nem pensar, rodar o veio com a palma da mão é muito fácil.
Havia uma Empresa em Lisboa, a Terra Firme, que em Novembro me encomendava uma quantidade grande para levar para o Dakar. Os eléctricos avariavam, e os Amadores vinham comprar os leitores de road-book portugueses, disseram-me.
Leitor de road-book que tenha sido feito por mim tinha (e tem) garantia vitalícia com muito orgulho meu. Se alguma coisa funcionar menos bem, ponho-os como novos de borla. Se fôr por acidente, só tem de pagar a chapa e eventualmente o vidro. Nunca vi um com o veio empenado.
Contruí-os durante 35 anos para facilitar a vida a quem tem de seguir um road-book de pé (ou sentado) numa Moto. Como disse deixei de os construir em 2009. A "fábrica" era na minha garagem e o horário coincidia com os meus tempos livres. Quando deixei de os construir, passei o know-how a um Amigo do Moto Clube do Porto que os continua a construir e vender.
Angelo Lopes (aka professor pardal)


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